Toda a verdade sobre o estresse

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Estresse

Estresse

O estresse é uma reação natural do corpo que produz mudanças emocionais, fisiológicas e comportamentais quando precisamos enfrentar uma situação que desafia nossos limites.

Desde cedo, passamos constantemente por situações que nos colocam sob um estado de tensão e estresse, em maior e menor nível, à medida que nossas necessidades psicobiológicas são ameaçadas.

O termo estresse foi usado por Hans Selye em 1955 para denominar a capacidade do organismo em manter o seu equilíbrio interno frente às mudanças no ambiente.

Richard Lazarus, psicólogo da década de 60, definiu o estresse como um fenômeno universal presente em seres humanos e animais, fruto de uma experiência intensa e aflitiva, que exerce grande influência no comportamento.

Lazarus ainda afirma que somente a presença de estímulos estressores não provoca automaticamente o estresse, mas que existem processos psíquicos que influenciam nessa provocação.

O estresse está sempre presente em nossas vidas, podendo assumir duas formas diferentes sendo uma positiva (eustresse) ou a motivação para encarar uma situação desafiadora, e a outra negativa e excessiva (distresse) que debilita o organismo e prejudica nosso desempenho.

O distresse se manifesta por alterações emocionais, cognitivas, comportamentais e sociais, sendo os seus sintomas mais comuns a tensão, irritabilidade, instabilidade de humor, baixa tolerância, dificuldades de atenção e concentração, hipersensibilidade emocional, queda de desempenho e fadiga física e mental.

Ainda sobre o estresse negativo, ele pode ser de curto ou longo prazo, também conhecido como crônico. O de curto prazo é caracterizado pela hiperativação, preparando o organismo para enfrentar a situação ou o desafio, seguida do relaxamento.

Já o estresse crônico tem como característica a ativação prolongada das respostas comuns ao estresse, podendo levar ao desenvolvimento de doenças psicossomáticas.

A Síndrome de Burnout é uma forma extrema do estresse crônico acumulado. Ela acontece quando o organismo esgota todas as suas possibilidades de enfrentamento, não sendo mais capaz de reagir.

Quando o estresse chega a este estágio, os sintomas físicos e psicológicos são tão intensos que a pessoa pode se desligar indefinidamente do ambiente que gerou esse problema, como se demitir de um emprego, por exemplo.

Oposto a este estágio extremo, há pessoas que apresentam uma habilidade muito importante capaz de minimizar os efeitos do estresse em seu sistema: a resiliência.

Nos últimos tempos tem se ouvido muito falar sobre resiliência, entendida como uma forma positiva de se adaptar às mudanças ou adversidades. Seu processo de formação acontece ao longo da vida e é influenciado principalmente pelo ambiente social e familiar em que a pessoa se desenvolveu.

Quanto mais afetivo e receptivo esse meio for, melhor o seu desenvolvimento intelectual e maior o grau de autoestima e autocontrole, o que promove características como sociabilidade, criatividade para a resolução de problemas e os sensos de autonomia e de proposta, típicos da resiliência.

As pessoas podem ter diferentes níveis de resiliência e, além da criação familiar, outros fatores como crença religiosa ou espiritual e treinamento técnico podem interferir nessa construção.

Mesmo que alguém não tenha sido criado com o afeto necessário para se tornar uma pessoa resiliente ao longo da vida, é possível manter algumas práticas para desenvolvê-la e reduzir o estresse. Manter um posicionamento flexível é importante pois aumenta a capacidade de se ajustar e encontrar maneiras de adaptação.

Quando acontece alguma experiência negativa, concentrar-se nas lições positivas e deixar o papel de vítima de lado é fundamental para se tornar mais resiliente. Outro fator essencial é manter atitudes positivas, trabalhando na resolução dos problemas, sem deixar que a negatividade domine a situação.

Expressar emoções e liberar a tensão através de práticas como meditação, desenho, dança, escrita ou terapia, pode ajudar muito. Além disso, cultivar hábitos saudáveis, exercitar-se regularmente, ler um livro e descansar ajuda a baixar os níveis de estresse e fortalecer o lado emocional.

Texto baseado na tese de Doutorado “Tratamento Para Transtorno Do Estresse Pós-traumático Com A Técnica Emdr® (Eye Movement Desensitization And Reprocessing): Seus Efeitos Nos Aspectos Psicológicos, Cognitivos E Na Arquitetura Do Sono” de Mara Raboni, Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, 2010.