O que são Crenças Disfuncionais?

Home // Psicoterapia // O que são Crenças Disfuncionais?
Crenças Disfuncionais

Crenças Disfuncionais

Cada um de nós tem uma maneira muito individual de ver o mundo. Nossas interpretações e reações a qualquer situação, seja ela cotidiana ou eventual, vai depender principalmente das crenças que adquirimos ao longo da nossa vida, vindas dos nossos pais, da sociedade em geral, da religião que frequentamos e até das nossas próprias associações mentais.

Albert Ellis, um dos principais nomes da psicologia relacionado às crenças disfuncionais, acredita que cada pessoa interpreta de uma determinada maneira as informações vindas do ambiente externo (acontecimentos, pessoas, situações) e do ambiente interno (sentimentos, sensações, emoções,).

No entanto, para Ellis, grande parte da população compartilha crenças muito limitantes que seriam as principais responsáveis pelos seus problemas e sofrimentos. Algumas das principais são:

“O ser humano adulto sente uma necessidade extrema de ser amado e aprovado por praticamente todas as pessoas significativas da sociedade”.

Há uma necessidade da natureza humana de ser amado e aceito pelas pessoas, mas isso pode se tornar excessivo impulsionado por essa crença limitante, fazendo com que a pessoa se anule para satisfazer as vontades do outro em busca de sua aprovação e amor.

“Para se valorizar, a pessoa deve ser muito competente, suficiente e capaz de realizar qualquer coisa em todos os aspectos possíveis”.

Pode haver também uma distorção de pensamento sobre a necessidade de ser perfeito, novamente para ser amado e aceito, mas também para que outros aspectos da vida, como carreira e família, possam dar certo.

“É terrível e catastrófico que as coisas não saiam como você gostaria que fossem”.

Essa crença indica uma forte necessidade de controle das situações, mesmo quando não há como controlá-las. Quando as coisas não saem conforme o planejado, pode desencadear surtos de raiva e irritação, aumentando os índices de ansiedade e estresse.

“É mais fácil evitar do que enfrentar certas responsabilidades e dificuldades da vida”.

Pessoas que se colocam sempre na posição de vítimas e evitam encarar os desafios e responsabilidades de frente podem ter em seu inconsciente essa crença limitante, que pode resultar em problemas como depressão e baixa resiliência.

Carregamos essas crenças irracionais como verdades absolutas, sendo responsáveis por direcionar nossos comportamentos e sentimentos, condicionando nossa vida e visão do mundo.

Pode-se dizer que essas crenças são usadas tanto na interpretação dos acontecimentos como também uma maneira de entender o passado e “prever” o que poderá acontecer no futuro.

Quando uma delas não se encaixa na realidade ou não é atendida, há um grande sentimento de infelicidade e frustração, o que se torna cada vez mais constante pois são crenças equivocadas.

Da mesma maneira, sentimos a necessidade de agir de acordo com essas crenças. Do contrário, somos tomados por um grande sofrimento que pode se manifestar como depressão, ansiedade, raiva, culpa e medo.

Padrões de comportamentos podem surgir a partir delas, como uma propensão ao drama, crítica e autocrítica depreciativa e excessiva, baixa tolerância à frustração, dificuldade de adaptação, inflexibilidade psicológica, isolamento social, fuga e até mesmo o consumo de substâncias tóxicas.

Nossas crenças estão no inconsciente e, muitas vezes, é difícil reconhecer quando elas estão interferindo em algum aspecto da vida. Aquela maneira de pensar já é tão comum e familiar que não nos atentamos ao fato de que ela pode não ser verdadeira.

Alguns transtornos emocionais podem desbloquear crenças disfuncionais que estavam reprimidas e, neste momento, elas passam a controlar o pensamento, sentimentos e emoções.

Ellis afirma que não são as situações dramáticas que causam os distúrbios e sim a interpretação de cada pessoa, baseada em suas crenças.

O primeiro passo para poder alterar esses padrões de pensamento é tomar consciência das crenças limitantes e como elas estão influenciando nos diversos aspectos da vida.

A terapia cognitiva comportamental propõe um debate sobre essas ideias irracionais, bem como alguns exercícios para definir as vantagens e desvantagens em mantê-las.

Além disso, outras formas de abordagem psicoterapêutica também podem ser usadas para trabalhar as crenças disfuncionais e recuperar o bem estar de quem está sofrendo com elas.

Fontes:

As crenças que nos impedem de viver a vida que queremos. A mente é maravilhosa, 22 de nov. de 2016. Acesso em: 10 de dez. de 2020

Como as crenças irracionais nos influenciam, segundo Albert Ellis. A mente é maravilhosa, 1 de ago. de 2019.  Acesso em: 10 de dez. de 2020

MARTINS, Vera. As doze crenças limitantes. Fundação Vanzolini, 6 de abr. de 2016. Acesso em: 10 de dez. de 2020