O que é Neurociência? E como ela pode nos ajudar?

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Neurociência

Neurociência

O cérebro é um órgão fascinante que ainda intriga muitos médicos e pesquisadores da área. É considerado o centro de controle do nosso corpo, de onde partem todas as “ordens de comando” para o funcionamento do organismo.

Cada parte do cérebro é responsável por uma função e seus dois lados, os hemisférios direito e esquerdo, se encarregam de equilibrar nossa razão e emoção. O lado direito é mais intuitivo, criativo, artístico, sensível, irracional e espacial. Já o lado esquerdo é lógico, racional, temporal, verbal, analítico e intelectual.

Os estudos relacionados ao cérebro e ao sistema nervoso são relativamente recentes e tiveram início com observações a pacientes que sofreram lesões cerebrais e tiveram determinadas funções, motoras e cognitivas, afetadas.

Assim surgiu a neurociência, um estudo científico e detalhado do sistema nervoso, seus mecanismos mentais, intelectuais, emocionais e cognitivos por meio de exames de imagem. Nessa leitura podemos observar o metabolismo cerebral pelo consumo de oxigênio e glicose que aumenta proporcionalmente ao incremento da atividade celular, onde fica evidente na ativação vista nas imagens.

Dessa maneira, podemos entender doenças, padrões mentais e comportamentais e explicar uma ação em termos de atividade cerebral, ou seja, como bilhões de células neurais individuais atuam para produzir um comportamento e como elas são influenciadas pelo meio ambiente e pelo meio social.

Todos os nossos comportamentos, hábitos e pensamentos criam um caminho neuronal que é percorrido e reforçado cada vez que exercemos aquela atividade ou mantemos o mesmo pensamento. É como se fosse uma trilha em uma floresta, quanto mais ela é atravessada, mais acessível e mais fácil ela se torna.

Nossa rotina diária cria esses caminhos na intenção de que nosso cérebro possa realizar cada atividade da maneira mais “automática” possível. E esse caminho pode ser traçado tanto para hábitos, pensamentos e comportamentos positivos, quanto para os negativos.

Por isso, quando é necessária uma mudança de padrão, seja de pensamento ou de comportamento, o processo torna-se um pouco mais delicado pois será preciso abrir um novo caminho neuronal e insistir nele para que o cérebro possa criar essa nova possibilidade.

Segundo a neurocientista brasileira Suzana Herculano-Houzel “o aprendizado depende de ao menos três fatores: repetição, base das mudanças sinápticas que implementam a nova maneira de agir, pensar ou sentir; retorno negativo, que informa quando se erra e deve se tentar de novo de outra maneira; retorno positivo, que sinaliza quando se fez a coisa certa que deve ser repetida no futuro.”

Além da repetição, que irá criar o novo caminho neuronal, o retorno também é importante, principalmente o positivo, que faz com que nosso cérebro sinta prazer por ter acertado e se motive a praticar outra vez, na expectativa de acertar e sentir esse prazer novamente.

Um outro conceito muito importante descoberto com a neurociência foi a neuroplasticidade, ou seja, a possibilidade que o cérebro tem de se regenerar, remodelar, reconfigurar e readaptar, a qual era tida como impossível antigamente.

Estudos mostram que o cérebro pode fazer uma reorganização da dinâmica do sistema nervoso para se adaptar a algum dano, por exemplo. Ou ainda, que determinada área cerebral pode expandir quando há uma atividade maior nela.

Até pouco tempo atrás, acreditava-se que o cérebro perdia milhões de células por dia e estas nunca mais poderiam ser substituídas. Há cerca de 20 anos, pesquisadores constataram que a neurogênese, ou seja, capacidade de desenvolver novos neurônios, não só era possível, como realmente acontecia em pássaros e mamíferos.

Nosso cérebro está em constante mudança e podemos estimulá-lo a se desenvolver cada vez mais, criando uma curva de aprendizagem ascendente, o que aumenta suas sinapses e circuitos neurais e, consequentemente, melhora sua saúde e previne doenças.

Quando dedicamos um grau de atenção elevado à uma atividade, experiência mental, ou evento, remodelamos nosso cérebro e reforçamos os circuitos neurais. A região pré-frontal, responsável pela racionalização, compreensão e entendimento, fica mais ativada, o que aumenta a concentração, a densidade emocional e o aprendizado, gerando uma mudança no comportamento.

A neuroplasticidade também pode ser alterada por impactos negativos como o trauma, o estresse e a depressão, acarretando uma diminuição do volume do hipocampo. Entretanto, quando há um tratamento psicológico correto e efetivo, o cérebro é capaz de reverter esses distúrbios, retornando à capacidade inicial do indivíduo.

Quando relacionada ao mundo corporativo, a neurociência pode ser aplicada na gestão organizacional (neuromanagement) buscando entender o comportamento, encontrar a melhor forma de aprendizado e gerando mudanças cognitivas positivas como a flexibilidade de pensamento, o desenvolvimento do pensamento crítico e a melhora na habilidade de planejamento.

Podemos dizer que os conhecimentos e descobertas vindos da neurociência são importantíssimos para o desenvolvimento de qualquer área do conhecimento e podem ser aplicados tanto na biologia e medicina, quanto na psicologia, educação, antropologia, comunicação, filosofia, e tantas outras.